Descarte de eletrônicos. Como fazer com segurança? Quais os impactos ambientais?

Descarte

O mundo produziu lixo eletrônico equivalente a 44,7 milhões de toneladas em 2016. Isso é o que diz um estudo sobre descarte de eletrônicos, publicado em dezembro de 2017, da Universidade das Nações Unidas em conjunto com a União Internacional das Telecomunicações (UIT) e com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos.

E as previsões não são nada otimistas, acredita-se que  o peso do lixo eletrônico aumente 17% até 2021. Por isso, é urgente um esforço global para melhorar o descarte e a reciclagem desses antigos aparelhos.

O lixo eletrônico e seu impacto no meio ambiente

Simplificando o significado, o lixo eletrônico, também conhecido como e-lixo, é qualquer tipo de resíduo produzido pelo descarte de equipamentos e produtos eletrônicos em geral.

O problema ambiental surge quando os equipamentos eletrônicos são descartados em locais inadequados e até mesmo em lixeiras e sacos plásticos comuns misturados com outros objetos de consumo.

O descarte desse lixo de forma incorreta diretamente no meio ambiente, faz com que as substâncias que compõem os equipamentos se tornem agressivas para a natureza. Afinal, estes produtos contém chumbo, cádmio, mercúrio, berílio, etc., substâncias químicas que podem prejudicar o solo e até mesmo a água.

Por sua vez, o setor informal de coleta resíduos eletrônicos em aterros para extração somente de materiais de  maior valor comercial, como por exemplo ouro e prata, por meio da incineração e reações químicas que emitem líquidos e gases tóxicos, também contaminam o solo e lençóis freáticos.

E essas atividades pouco fiscalizadas ou mesmo ignoradas, apresentam baixa eficiência na reciclagem, comprometem a saúde dos trabalhadores envolvidos, que raramente utilizam equipamentos de proteção adequados, além de afetar permanentemente o meio ambiente.

Como fazer o descarte de eletrônicos?

Entre as principais causas que contribuíram para o aumento da quantidade de lixo eletrônico, estão os salários mais altos e preços desses equipamentos em queda. Mas o consumismo e o valor do conserto, que muitas vezes custam mais caros do que comprar um aparelho novo, também contribuíram para esse crescimento.

No entanto, estima-se que apenas 4% de todos os equipamentos eletrônicos são descartados de forma correta. Os demais são guardados em casa ou descartados como lixo comum.

Mas, equipamentos eletrônicos não devem ser descartados em lixeiras comuns e embrulhados  em jornais ou plásticos. O ideal  é que seu descarte seja feito em pontos de coleta criados especialmente para isso.

No Brasil, existem os postos coletores, mercados e revendedores de produtos eletrônicos que aceitam os Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE). Apesar de não possuir uma alta tecnologia de reciclagem, o país inicia essa caminhada para intervir na crescente produção de lixo eletrônico

Neste ponto, vale destacar que no Estado de São Paulo existem 35 pontos de coleta, sendo 21 apenas na Capital, geridos pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado e outras entidades. E, em um ano, já foram recolhidas cerca de 94 toneladas de lixo eletrônico.

Depois de descartado corretamente, o material pode ser reciclado ou mesmo doado para outras pessoas ou instituições para ser reutilizado. Sem falar, é claro, dos metais nobres que podem ser reaproveitados.

O processo de reciclagem do lixo eletrônico

O mesmo estudo da ONU, já citado anteriormente, mostrou que apenas 20% do lixo eletrônico gerado no ano de 2015 (8,9 milhões de toneladas) foram reciclados em 2016. E o valor das matérias-primas, entre elas, ouro, cobre e paládio, contidas neste lixo em 2016 é estimado em 55 bilhões de euros. Afinal, segundo estimativas, uma tonelada de celulares renderia 3,5 kg de prata, 130 kg de cobre, 340 g de ouro e 140 g de paládio. Nada mau, não?

Porém, o processo de reciclagem do lixo eletrônico ainda é  complexo e depende de mão de obra especializada.

Após a coleta do e-lixo, o processo de reciclagem se inicia por meio de uma triagem onde há a separação dos equipamentos em condições de uso e que podem ser doados, dos que não têm condições para serem reutilizados.

Em seguida, os aparelhos são desmontados. A carcaça, a bateria, o vidro e as placas de circuito são separados. 

A carcaça é triturada e separada por material de acordo com a sua densidade. Depois disso, os resíduos podem, então, ser vendidos para outras empresas que utilizam os polímeros presentes nesses objetos, podem ser  incinerados ou ainda,  podem ser derretidos e transformados em outro plástico.

O vidro da tela de celular e monitores possui diferentes componentes, como chumbo e arsênio. Assim, são separados por tipo de vidro ou são misturados e passam por um processo de moagem e tratamento, podendo ser vendidos para empresas que o utilizam como matéria-prima.

As baterias são separadas e destinadas a empresas específicas que farão o descarte correto ou a reciclagem.

Já quanto aos materiais tóxicos, eles são colocados em tanques preparados para armazenar esse tipo de resíduo e são destinados a empresas especializadas.

Quem é responsável pelo lixo eletrônico

Para que se tenha um descarte eficiente do lixo eletrônico, vários segmentos da sociedade devem agir de forma conjunta, afinal é um assunto que interessa a todos.

Governo

Políticas públicas de coleta e destino devem ser aplicadas para conter o problema.No Brasil, temos a Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Nela, está especificado que fabricantes, importadores e revendedores devem ser responsáveis pela coleta de produtos passíveis de contaminação,  como lâmpadas e pilhas. No entanto, a lei não prevê obrigatoriedade para outros tipos de material, como toner de impressora e celulares (apenas para as baterias).

Órgãos governamentais ligados à regulamentação de produtos eletrônicos também têm o dever de criar soluções para o problema do lixo eletrônico.

Leitura complementar recomendada: General Data Protection Regulation (GDPR): O que é? Quais os pontos de atenção no descarte de eletrônicos?

Empresas de material eletrônico

As empresas que produzem material eletrônico também devem ser responsáveis pelo lixo eletrônico.

A Dell, por exemplo, desde 2007, já coletou mais de 1,9 bilhão de libras de eletrônicos usados ​​em mais de 75 países, e pretende chegar a 2 bilhões de libras até 2020.

Cidadãos

O descarte correto também depende de cada um de nós. É importante que a população se informe sobre as iniciativas presentes na sua cidade e nunca jogue os aparelhos no lixo comum.

O descarte eficiente de equipamentos eletrônicos da sua empresa

Se o descarte de eletrônicos doméstico já é um problema, imagina quando se trata de uma empresa.

Pensando nisso, existem empresas como a ITRV, especializada na gestão de descarte de eletrônicos, que conta com técnicos capacitados para inventariar e determinar a destinação mais adequada (remanufatura, revenda, doação ou reciclagem) ao parque tecnológico obsoleto de outras empresas.

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